Importância da diagnose de nematoides para programação da safra de soja


A ocorrência de nematoides fitopatogênicos vem crescendo a cada safra, fator atrelado principalmente a sucessão de culturas, especialmente o sistema soja-milho. Em função do cultivo sucessivo, a população de agentes causais de doenças tende a se elevar. Dentro deste contexto, destacam-se nematoides e patógenos de solo.
No caso das nematoses é de grande importância a identificação das espécies presentes nas áreas de cultivo previamente à instalação da cultura na área. Isso permite a adoção de medidas de manejo integrado, que incluem desde a escolha da cultivar, o tratamento de sementes, a adição de matéria orgânica, a utilização de controle biológico, até a escolha de culturas para compor o sistema de rotação ou sucessão, visando reduzir a população de tais parasitas.
Durante o presente período do ano, a maioria das lavouras encontra-se sob cultivo de milho e trigo. Estes podem ser hospedeiros de nematoides comuns à cultura da soja, onde se destacam os gêneros:

Meloidogyne: ocasiona formação de galhas (Figura 1A) e deformação da raiz. Internamente à raiz fêmeas branco-leitosas (Figura 1B) se desenvolvem, obtendo alimento a partir de células gigantes. A ovoposição é realizada em massas de ovos gelatinosas (Figura 1C), internas ou externas às raízes. A identificação das espécies pode ser realizada por análise do padrão perineal das fêmeas (Figura 1D). Conhecer a espécie presente favorece adoção de medidas adequadas ao manejo.


Figura 1. A. Raízes com galhas; B. Fêmea branco-leitosa internamente à raiz; C. Massas de ovos submetidas à coloração; D. Padrão perineal de Meloidogyne. Fotos: Danielle Mattei.

Helicotylenchus: nematoide espiralado (Figura 2A), ocasiona lesões radiculares, apresentando dano similar ao Pratylenchus.


Figura 2. A. Fêmea de Helicotylenchus; B. Fêmea de Pratylenchus; C. Raiz sadia e doente, em função do parasitismo por Pratylenchus. Fotos: Danielle Mattei.

Pratylenchus: nematoide das lesões radiculares (Figura 2B). Permanece vermiforme todo o ciclo, penetra a raiz e se alimenta do conteúdo celular e se movimenta célula a célula. A raiz se torna escurecida, reduzida e quebradiça (Figura 2C).

Scutellonema: o nematoide do escutelo, apresenta danos similares aqueles decorrêntes do parasitismo de Pratylenchus.


Figura 3. A. Porção anterior do corpo de uma fêmea de Scutellonema; B. Fêmea de Scutellonema; C. Porção posterior de da fêmea de Scutellonema; D. Seta apontando para o escutelo. Fotos: Danielle Mattei.

Tubixaba: chega a ±1cm de comprimento, podendo ser visualizado a olho nú. Acomete trigo, milho, soja, mandioca, entre outras espécies cultivadas.


Figura 4. A. Porção anterior do corpo de uma fêmea de Tubixaba; B. Porção posterior; C. Fêmea de Tubixaba. Fotos: Danielle Mattei.

Além disso, podem ser observados no solo a presença de outros nematoides que podem acometer a cultura da soja, o que irá servir como parâmetro para tomada de decisões para a próxima safra. Estão entre os gêneros de nematoides que apesar de não acometerem o milho e o trigo, podem estar no solo os seguintes:

Heterodera: o nematoide do cisto da soja. Os cistos são constituídos do corpo das fêmeas, que retém em seu interior grande quantidade de ovos. Essa estrutura pode persistir no solo durante anos.


Figura 5. Cisto de Heterodera contendo ovos eclodidos. Foto: Danielle Mattei.

Rotylenchulus: o nematoide reniforme, recebe esse nome em função da forma reniforme apresentada pelas fêmeas. Acomete soja, algodão, mandioca e feijoeiro, entre outras.







Danielle Mattei
Engenheira Agrônoma (UEM)
Mestre em Agronomia (UEM)
Doutoranda em Agronomia (UNIOESTE)

Engenheira Agrônoma Mestra em Agronomia - Proteção de Plantas - UEM Doutoranda em Agronomia - Produção Vegetal - UNIOESTEDanielle Mattei